quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Semana da Arte moderna- Principais Participantes 1

Principais escritores


Oswald de Andrade

Cidade
 
Foguetes pipocam o céu quando em quando 
 
Há uma moça magra que entrou no cinema 
Vestida pela última fita 
Conversas no jardim onde crescem bancos Sapos 
Olha A iluminação é de hulha branca 
Mamães estão chamando A orquestra rabecoa na mata

Menotti del picchia

Noite

As casas fecham as pálpebras das janelas e dormem. 
Todos os rumores são postos em surdina, 
todas as luzes se apagam. 

Há um grande aparato de câmara funerária 
na paisagem do mundo. 

Os homens ficam rígidos, 
tomam a posição horizontal 
e ensaiam o próprio cadáver. 

Cada leito é a maquete de um túmulo. 
Cada sono em ensaio de morte. 

No cemitério da treva 
tudo morre provisoriamente.

 Guilherme de Alemida

Nós

Fico - deixas-me velho. Moça e bela,
partes. Estes gerânios encarnados,
que na janela vivem debruçados,
vão morrer debruçados na janela.

E o piano, o teu canário tagarela,
a lâmpada, o divã, os cortinados:
- "Que é feito dela?" - indagarão - coitados!
E os amigos dirão: - "Que é feito dela?"

Parte! E se, olhando atrás, da extrema curva
da estrada, vires, esbatida e turva,
tremer a alvura dos cabelos meus;

rás pensando, pelo teu caminho,i
que essa pobre cabeça de velhinho
é um lenço branco que te diz adeus!


Descobrimento 

Abancado à escrivaninha em São Paulo 
Na minha casa da rua Lopes Chaves 
De supetão senti um friúme por dentro. 
Fiquei trêmulo, muito comovido 
Com o livro palerma olhando pra mim. 
Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus! 
muito longe de mim 
Na escuridão ativa da noite que caiu 
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos, 
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia, 
Faz pouco se deitou, está dormindo. 
Esse homem é brasileiro que nem eu.

Plínio Salgado

Canção das Águias

Eleva-te no azul! Corta-o, serena e forte...
Rasga o seio à amplidão! Embriaga-te no arrojo
do vôo triunfal! Deixa que estruja o Norte,
que o mar rebente em fúria e levante do bojo
as potências revéis e as ciladas da morte!
Atira-te no espaço!


E, se um dia, singrando os céus, vieres de rôjo,
rôtas as asas de aço,
ferido o coração, a alma descrente,
não te abata o cansaço,
do oceano, atro e fatal, não te sorva a torrente...
Grita, forceja, anseia e combate impoluta!
Morre a lutar!
Morre na luta!
Mas, antes de morrer, tenta ainda voar!

Grupo: Alessandra Lazuta, Amanda Paz, Brenda Charão e Dieyzy Almeida

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