sábado, 13 de setembro de 2014

Psicologia de um Vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância, 
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipoconríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ância análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas - 
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Ainda a espreitar meus olhos pararoê-los, 
E há de deixar-me apenas os cabelos, 
Na frialdade inorgânica da terra!

Augusto dos Anjos.

Andria, Emilly, Jéssica e Luísa

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